Em meio a pandemia do COVID-19, na mesma lógica, apresentada pelo Ministro do Meio Ambiente, o Ministro da Economia quer “passar a boiada”, faz declarações em favor de um plano de privatizações como forma de o Brasil enfrentar as consequências da crise. Em seu plano a “joia da coroa” seria o Banco do Brasil.
Na referida reunião de 22 de abril, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o Banco do Brasil “é um caso pronto de privatização” e completou vamos “vender essa porra”.
Agora a pergunta que nos fica é: Em meio as consequências de uma grave crise sanitária, social e econômica, os bancos públicos não são ferramentas estratégicas para a indução das políticas públicas, de garantir a ampliação do acesso bancário e de crédito? O BB está causando prejuízos ao país? A quem interessa privatizar o BB?
Antes, de entrar objetivamente em porque a Central de Cooperativas Unisol Brasil é a favor do Banco do Brasil público e promotor de um novo modelo de desenvolvimento, pós pandemia, queríamos apontar informações gerais de como o Banco do Brasil é estratégico no atual momento do país.
Segundo matéria recente da Economia – Uol o “banco lucrou R$ 18,1 bilhões em 2019 e pagou R$ 3,4 bilhões em dividendos para o governo federal no mesmo ano. Na década entre 2010 e 2019, o lucro médio foi de R$ 16,3 bilhões em cada ano. No mesmo período, a média anual de dividendos pagos para a União foi de R$ 3,6 bilhões”. Importante destacar que a história do Banco do Brasil é ligado diretamente a história do Brasil, a sua identidade nacional, e atualmente é 5ª marca mais valiosa do Brasil, no ranking da Interbrand 2019.
Dessa forma, o Banco do Brasil, além de ter uma capilaridade nos Estados e Municípios, em conjunto com a Caixa, coisa que nenhum banco privado faz, ele ainda, dá lucro e cria dinamismo na economia nacional. Dessa forma, sua privatização não se sustenta, por sua capacidade operacional e por sua lucratividade. O discurso da privatização só se sustenta com uma visão ultraliberal, em que, o Estado não poderia atuar no sistema financeiro, com bancos, uma discussão puramente ideológica e muito associado a interesses de setores do mercado financeiro internacional, que querem, dominar o sistema bancário nacional.
Porque a Unisol Brasil defende o Banco do Brasil?
A Unisol Brasil, como a Aliança Cooperativa Internacional (ACI), estão alinhados a duas importantes agendas do sistema ONU:
- Agenda 2030: Os 17 objetivos (200 metas) foram estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, quando líderes mundiais definiram um plano de ação para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir que as pessoas alcancem a paz e a prosperidade.
- ONU lançou oficialmente em junho de 2019 a Década da Agricultura Familiar (2019-2028).
A partir desses dois paradigmas que apontam a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento, que tenha como foco, a criação de novos dinamismos locais e regionais, com fortalecimento do desenvolvimento de tecnologias, de processos produtivos e logísticos sustentáveis e que fomente uma agricultura que gere mais postos de trabalho e que produza com menos agrotóxicos e voltado a soberania alimentar, é que a Unisol Brasil aponta as principais agendas do Banco do Brasil que se alinham a agenda 2030 da ONU e a Década da Agricultura Familiar.
O Banco do Brasil, tem em sua estrutura, a Fundação Banco do Brasil, que só no ano de 2019, o Banco aportou R$ 51,8 milhões, além de captação de diversos outros parceiros e recursos, com vistas ao desenvolvimento de projetos e fomento de novas tecnologias sustentáveis como os Projetos: Ecoforte, Cataforte, Prêmio de Tecnologias Sociais e mais recentemente as Cestas Agroecológicas, gerando renda no campo e solidariedade nas periferias.
No Microcrédito Produtivo Orientado (MPO), voltado ao empreendedorismo popular, as cooperativas e aos microempreendedores, o Banco operou no ano de 2019 o total de 117.244 mil clientes ativos e mais de 116 mil operações de crédito contratadas.
Na dinâmica de fomento de negócios de impacto social e ambiental só no ano de 2019 a carteira de negócios verdes do Banco apresentou um saldo de R$ 174,0 bilhões. Ela é integrada por operações de crédito e empréstimos para os setores de
energias renováveis, eficiência energética, construção sustentável, transporte sustentável, turismo sustentável, água, pesca, floresta, agricultura sustentável e gestão de resíduos.
No sentido da Década da Agricultura Familiar, o BB, no ano passado atingiu 221 mil agricultores familiares atendidos no Pronaf chegando a 87,7% dos municípios brasileiros, através das diversas modalidades do Pronaf agroecologia, agroflorestal, mulher, jovem e custeio/investimento.
Para a safra 2019/2020 o Banco do Brasil destinou R$ 103 bilhões, valor 20% superior ao realizado na safra anterior. Serão R$ 91,5 bilhões para o crédito rural e R$ 11,5 bilhões para o crédito agroindustrial. Na visão por segmento, o Banco disponibilizará R$ 14,10 bilhões para a agricultura familiar e R$ 77,40 bilhões para os demais produtores.
O Banco do Brasil tem um conjunto de serviços que fomentam e se articulam com o cooperativismo e o cooperativismo de crédito como:
- BB Convir: Integração das cadeias produtivas agropecuárias
- BB Agro Custeio Cooperativa: O convênio formalizado entre o Banco e as Cooperativas, de forma a apoiar a cadeia agropecuária onde a cooperativa fornece insumos agropecuários aos produtores rurais cooperados, sem a obrigatoriedade de compra da produção agropecuária pela empresa.
- Correspondente Mais Banco do Brasil: realizado feito também com cooperativas de crédito.
- Cooperativas de Crédito: Cartão de crédito Ourocard Cooperativo – Cooperado pode sacar, transferir e comprar a débito de sua conta junto à cooperativa e crédito (Visa); Débito Direto Autorizado: Para pagar seus compromissos, com a praticidade e a agilidade; Cobrança: Comodidade, facilidade e agilidade nos recebimentos de sua cooperativa; BB Cheque: A Custódia de Cheques do Banco do Brasil é um serviço de guarda dos cheques pré-datados.
Na perspectiva também das metas do milênio e da economia da cultura, o Banco do Brasil, é um importante instrumento de fomento da identidade nacional, através dos Centros Culturais Banco do Brasil (CCBB) que impactaram 265 iniciativas culturais, com 3,36 milhões de visitantes em 2019.
Nesse sentido, a Unisol Brasil, afirma que no cenário pós pandemia o Banco do Brasil Público precisa aprofundar seu processo de interiorização pelo país, abrir novas linhas de crédito para o cooperativismo e para micro e pequena empresa (que geram a maioria dos empregos no país), bem como, ampliar seus investimentos na FBB e nos Centros Culturais Banco do Brasil como instrumento de fomento a agroecologia, agricultura familiar e a economia da cultura no país.
Como também, ser o Banco juntamente com a Caixa, com os bancos comunitários e as cooperativas de crédito, o implementador da Renda Básica de Cidadania em todo território nacional, mostrando que a saída para a crise pós pandemia, é garantir o princípio constitucional de dignidade humana e de um desenvolvimento que garanta direitos a todos e todas as brasileiras.
Por um Banco do Brasil Público promotor de um novo modelo de desenvolvimento sustentável e solidário!!!
Leonardo Pinho
Presidente da Central de Cooperativas Unisol Brasil