Pergunte a qualquer produtor de algodão qual é seu maior temor e a resposta virá certeira: “É o ataque do bicudo”. Medo maior inclusive do que não ter a colheita valorizada como esperado. O besouro (Anthonomus grandis) chegou ao país em 1983, se tornou praga e dizimou plantios em pouco tempo, em especial os do Nordeste. Para reprimi-los, só mesmo à base de muito manejo ou inúmeras aplicações de defensivos, como são feitas nas grandes lavouras. Quando o agricultor Antônio Fernandes de Souza, morador de Trici, no Sertão cearense, um distrito de Tauá – município distante 340 quilômetros de Fortaleza -, escutou a proposta de lidar com cotonicultura novamente em seus três hectares, confessa que hesitou. Lembrou-se do difícil ano de 1985, quando perdeu tudo, mas também da fartura toda vez que a safra era vendida. Aí pensou: “Quando a gente enfrenta as coisas, nada é difícil”.
Seu Antônio respondeu sim à proposta da Associação de Desenvolvimento Educacional e Cultural de Tauá (Adec), criada na década de 1980 por um grupo de mulheres de agricultores que manteve o sustento da casa com trabalhos de crochê e confecção de roupas. Como se não tivesse sido suficiente, os produtores passaram três anos seguidos por um duro período de seca depois do ataque do bicudo. Mais tarde, a entidade redirecionou as atividades para a agricultura familiar e implantou em Tauá e em sete municípios do entorno lavouras de algodão agroecológico consorciadas com roças tradicionais de milho e feijão. O besouro ainda ronda o cultivo, mas passou a ser ludibriado por plantio e colheita precoces. Francisco das Chagas, produtor e fundador da Adec, incumbiu-se de encontrar parceiros para atender aos pedidos de uma empresa francesa que fabrica tênis ecológicos e à ONG Justa Trama, com sede em Porto Alegre. Chagas recebeu a proposta inesperada da costureira Nelsa Nespolo, presidente da organização, por intermédio de um amigo em comum. “Ela precisava de algodão orgânico para fabricar peças lá no Sul”, relembra.
Os 145 agricultores ligados à Adec passaram, a partir daí, a fazer parte de um negócio estruturado na forma de uma teia. Para confeccionar camisetas, vestidos, bolsas, bonecas, etc., Nelsa conta com uma rede de parceiros. Ela tem início com os pequenos produtores cearenses, que produzirão neste ano três toneladas de pluma para a ONG gaúcha. Depois de descaroçado na sede, o algodão segue para a Coopertextil, em Pará de Minas (MG), responsável pela fiação e tecelagem. Neste ano, serão entregues 20 mil metros de tecidos. Em Itajaí (SC), a cooperativa Fio Nobre produz cordões, fios e bolsas em tear.
Confira mais detalhes desta reportagem do Globo Rural clicando aqui. 
Fontes: Janice Kiss | Fotos Drawlio Joca (CE), João Marcos Rosa (MG) e Marcelo Curia (RS).

 

Continue lendo outras notícias e artigos.

Receba novidades por e-mail

Oportunidades de emprego, promoções de produtos e novidades da Unisol Brasil por e-mail.

    Solicite uma Assessoria

    Queremos que seu empreendimento solidário consiga prosperar coletivamente em sua comunidade

    Enviar mensagem no WhatsApp