Empresa, localizada em São Bernardo, segue ocupada por trabalhadores e trabalhadoras em processo de formação de recuperação de empresas
Experiências da Argentina, Espanha, Itália e Brasil serão apresentadas aos trabalhadores e trabalhadoras da Karmann Ghia, em São Bernardo do Campo, no próximo dia 07 de outubro. O Seminário internacional sobre experiências de fábricas recuperadas é parte do Projeto de Formação Karmann Ghia.
Promovido pela Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários do Brasil (UNISOL), pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e pela Nexus (Itália), o evento contará com as presenças de Wagner Santana (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC), Leonardo Pinho (UNISOL Brasil), Sandra Pareschi (Nexus), João Luís Trofino (UNIFORJA – Brasil), Hugo Cabrera (FEDECABA/CNCT – Argentina), Ibrahim Elias (Mondragón Corporação Cooperativa – Espanha) Carlo Occhiali (Raviplast – Itália), Marco Distefano (Cooperativa Fonderie Zen – Itália).
A Karmann-Ghia foi ocupada pelos trabalhadores em 13 de maio deste ano, após o abandono da fábrica pela direção da empresa. Na época, um parecer da Justiça favorável a antigos proprietários gerou um impasse em relação à propriedade da fábrica, e os metalúrgicos, que já estavam sem receber salários e benefícios desde dezembro de 2015, perderam as condições de continuar operando a fábrica, em razão do corte no fornecimento de energia por falta de pagamentos e ausência de condições básicas de trabalho. A ocupação tinha como objetivo garantir a preservação do maquinário da empresa, bens que poderão assegurar o recebimento dos direitos devidos aos metalúrgicos.
No final de junho, após aprovação dos empregados, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC entrou com pedido de falência da empresa, considerado pela entidade a melhor alternativa para viabilizar o recebimento dos direitos trabalhistas, ainda que mais futuramente. Tomada essa decisão, o Sindicato decidiu iniciar um processo de formação e treinamento para o grupo de cerca de 200 metalúrgicos que mantém a fábrica ocupada, voltado para a discussão do futuro desses trabalhadores, incluindo a avaliação de alternativas que poderiam dar continuidade às operações da fábrica, como autogestão ou cooperativa.
As primeiras experiências de Empresas Recuperadas por Trabalhadores (ERTs) no Brasil, segundo levantamento do IPEA, ocorreram na década de 1980, mas foi mesmo nos anos 1990 que se observou um crescimento dessa movimentação, em especial diante do quadro de crise econômica da época. Como reação e resistência ao fechamento de empresas e à perda de postos de trabalho, houve uma ampliação do número de experiências de ERTs.
De uma dessas experiências surgiu, por exemplo, a maior fabricante de anéis, flanges e conexões de aço forjado de toda a América Latina – a Cooperativa Central de Produção Industrial de Trabalhadores em Metalurgia (UNIFORJA), criada em meados de 2000 em Diadema, que inclusive já esteve com os trabalhadores na fábrica da Karmann Ghia.
O Seminário internacional acontece no dia 07 de outubro, a partir das 8h30, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, localizada na Rua joão Basso, 231, Centro – São Bernardo do Campo, SP.
Informações:
UNISOL Brasil – (11) 4930 7407– falar com Fernando Cayres