Rede Verde Sustentável se filia a UNISOL BRASIL num momento de articulação e confraternização
No dia 01 de novembro, houve uma Assembleia Extraordinária, na Cidade de Caucaia do Alto (SP), que teve por objetivo apresentar aos seus associados, cooperativas e associações de catadores e catadoras o andamento dos trabalhos realizados, realizar eleição de membros da diretoria e aprovar o plano de negócio da rede.
Foi um momento importante, após dois de existência, de celebração e aprovação por unanimidade da filiação da Rede Verde Sustentável à Unisol Brasil, que vem a somar forças com os mais de 800 empreendimentos filiados. A existência de uma Rede é essencial para criar sinergia entre as cooperativas, uma vez que cada empreendimento solidário pode somar o seu estoque de um material específico ao estoque de outras, assim como ter metas de produção, tanto para ser que estes sejam comercializados em quantidade maior, quanto para firmar contratos de médio e longo prazo, além de ampliar a representatividade perante o poder público e a sociedade.
A Rede atualmente congrega 12 grupos de reciclagem, presentes em nove municípios de São Paulo e que já nasce fortalecida justamente por ser uma iniciativa dos próprios catadoras e catadores. Assim, a Rede Verde Sustentável/Cooperativa Central de Trabalho de Catadores de Materiais Recicláveis da Região Metropolitana de São Paulo é composta pela Cooperativa de Produção dos Catadores de Materiais Recicláveis, de Itapevi (CMR); a Coopernatuz e a Coopermundi, de Osasco; a Coopernova, de Cotia; a Associação Ganhando Vidas, de Itapevi (que a Unisol apoia para se transformar em cooperativa); a Coopermape, de Embu das Artes; a AVEMARE, de Santana de Parnaíba; a Cooperzagati, de Taboão da Serra e a Cooperviva Bem, de São Paulo.
Os grupos informais CAPUTERA, de Cotia e Associação Cooperjam, de Jandira, e junto com a Cooperunidos, de Francisco Morato, foram convidados para participar da Rede. Estão envolvidos nesta ação mais de quatrocentos catadores e catadoras, que são beneficiados principalmente com a geração de renda, mas, também, com capacitação técnica. A Rede coleta isopor, plástico de aparas e PVC (embalagens PET), sucatas, resíduos de óleo (o intuito é aumentar a demanda de coleta deste material) e eletroeletrônicos. A demanda maior é de papel em geral, chegando-se a mais de 300 toneladas por mês e uma receita da ordem de R$ 388 mil desses materiais.
A Unisol apoia há muitos anos a CMR ITAPEVI Cooperativa de Produção dos Catadores de Materiais Recicláveis, que tem na presidente Rosa Maria Santos a líder deste processo. A construção das bases da Rede começou no Programa Cataforte I, do Governo Federal (ver matéria aqui no site) e foi ganhando impulso com o Cataforte II, com um projeto proposto pela Unisol em 2012. Tendo vencido o edital, o grupo inicial de cooperativas foi beneficiado com o fornecimento de seis caminhões, o que agregou velocidade, organização e valor ao trabalho, aumentando significativamente a produtividade e a organicidade da iniciativa. O apoio da Unisol se renovou nesta nova etapa, agora com a criação da Rede, junto com o parceiro Instituto Ecoar de Cidadania, dentro de projeto da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes/MTE).
Esta fase consiste na estruturação, cursos de capacitação, acompanhamento e formação de parcerias. Por exemplo, a parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) tem sido essencial, pois a entidade disponibilizou o capital de giro, para tornar possível a comercialização em grupo. “Esse capital viabiliza o retorno mais rápido para as cooperativas, uma vez que na venda para empresas o pagamento pela compra de material reciclável pode chegar até 30 dias, o que prejudica as cooperativas menores”, ressalta Rosa, que também preside a Rede. Além do capital, a ABIHPEC forneceu equipamentos de escritório, de demais mobiliários, de segurança, empilhadeiras, balanças, prensas, reformas dos galpões e ainda, cursos de capacitação para o uso das máquinas e cursos de brigada de incêndio. Também se envolveu num projeto de logística reversa na Rede, onde foram realizadas visitas, palestras para sensibilizar os municípios envolvidos e o fornecimento de equipamentos específicos. Outro parceiros, como a Camil Alimentos, ajudaram na instalação de Pontos Voluntários de Coletas (PEVs), em Cotia (SP); e o Instituto de Ética e Meio Ambiente (GEA), junto com a Universidade de São Paulo, realizou uma capacitação para o manuseio e desmonte de equipamentos de eletroeletrônicos, direcionada aos membros representantes de todas cooperativas da Rede.
“A CMR tem apoio da Prefeitura de Itapevi por meio de um caminhão de coleta no município. Atualmente, o serviço dos catadores e catadoras não é remunerado; na nossa Rede, só a AVEMARE conseguiu isso por meio de um contrato de prestação de serviços para a Prefeitura de Santana de Parnaíba. O intuito da CMR, que está há dez anos no mercado, é que os catadores passem a receber pelo serviço que já é prestado. Somente receber pela venda do material não é suficiente e nem o justo, porque a coleta já é realizada, demandando trabalho braçal e sistemático. Essa é a nossa luta nacional”, reafirma Rosa. “Desde quando começou o projeto Cataforte, começou a transformação do grupo, onde os membros passaram a se conhecer, a criar afinidade, a trocar informações e a crescer em termos de empreendimento solidário. A Unisol foi a instituição que nos deu o verdadeiro impulso. Ao longo dos anos, vários assessores da Unisol nos ajudaram: o Fábio Cardoso, técnico da Ecoar e também membro da Unisol; a Elizabete Rocha, que nos acompanha de longa data, oferecendo várias atividades como a formação e consultorias e a Marineide Alves, Coordenadora Estadual de Resíduos Sólidos da entidade”.