O extremo sul do município de São Paulo abriga, de 10 de junho a 30 de julho, o 3º Festival de Inverno do Polo de Ecoturismo. Organizado pela Rede Ecoturismo Solidário SP – associação com cerca de 120 empreendimentos dos distritos de Parelheiros, Marsilac e Ilha do Bororé, que se juntaram para produzir ações integradas e fomentar o lazer e o turismo locais.
Festas juninas, cavalgadas, trilhas, rotas náuticas na represa, descidas de caiaque, gastronomia, passeios de jardineira, apresentações musicais, Festa alemã da Colônia e muitas outras atrações são oferecidas durante o período, revelando a diversidade e potencialidade da região.
O Festival surgiu em 2015, envolvendo dezenas de empreendimentos locais mobilizados em torno do Polo de Ecoturismo e do projeto Ecosol SP Como Estratégia de Desenvolvimento. Antes da realização do evento, o inverno era considerado baixa temporada na região. Com o festival foi possível gerar trabalho, renda, emprego e até mesmo novos negócios, como por exemplo cavalgadas, passeios de bicicleta, passeio náutico, trilhas, acampamentos etc. Em sua segunda edição, em 2016, o evento atraiu cerca de 39 mil pessoas.
“A ideia de criar esse festival surgiu dentro do Projeto Ecosol SP, realizado pela Prefeitura de São Paulo por meio da Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo e pela UNISOL Brasil desde 2015. A Rede Ecoturismo Solidário SP surgiu dessa mobilização, com 30 empreendimentos participando de oficinas. E nessas oficinas veio a ideia de articular e unir os empreendimentos no território e gerar renda de uma forma coletiva e solidária. O impacto é extremamente positivo. Partimos de um marco zero, onde os empreendimentos se encontravam desarticulados e não se conheciam, e chegamos hoje na terceira edição do festival com 120 empreendimentos da Rede trabalhando de forma articulada, coletiva, unida e solidária. Transformamos um período de baixa temporada, devido ao frio, num evento que tem atraído turistas e movimentado a região”, avalia Roberto Carlos, articulador da Rede e um dos organizadores do festival.
Em 2016, o evento movimentou uma renda de aproximadamente R$ 900 mil, recebidos pelos empreendimentos envolvidos no festival de forma direta. Sem contabilizar outros empreendimentos que não integram a Rede, mas que também foram contemplados com a movimentação de turistas.
“Se não tivéssemos começado esse projeto em 2015, com a parceria da UNISOL, dentro dessa metodologia da economia solidária, continuaríamos cada um no seu canto, sozinhos. O que é uma forma muito difícil de trabalhar. Principalmente no nosso setor de ecoturismo aqui na região. Dependemos muito do poder público, seja na questão de acesso, infraestrutura ou de segurança. Estamos dentro de uma zona rural, com estada de chão. Se você está sozinho, é mais difícil pressionar e se articular com o poder público. Com a Rede, fomos acumulando forças. Aquela expressão é verdadeira, unidos somos mais fortes. No fim de 2016, já com o sucesso da segunda edição do festival, conseguimos integrar o calendário oficial de eventos da cidade de São Paulo por meio de lei 16.579/2016, com a ajuda do vereador Alfredinho, nosso parceiro. Então hoje o festival é oficial, é uma política pública da nossa cidade”, avalia Roberto. “Esse trabalho coletivo, solidário, tem aproximado mais os empreendedores. Eles não se enxergam mais como concorrentes, mas sim como parceiros, colaboradores, produzindo inclusive outros eventos juntos”.
Região é rica em ativos ambientais e culturais
O extremo sul do município de São Paulo é uma região extremamente rica, que concentra duas Áreas de Proteção Ambiental e um largo remanescente de Mata Atlântica, com rica fauna e flora. Os mananciais da região se desdobram em cachoeiras que oferecem a possibilidade de passeios em meio à natureza exuberante.
Mas não é só isso. Ali também estão localizados uma rica produção agrícola familiar orgânica, atrações culturais diversas, hospedagens e restaurantes.
A região localiza-se a cerca de 40 km do centro da capital paulista. O Polo de Ecoturismo foi criado em 2014 e abrange os distritos de Parelheiros, Marsilac e a Ilha do Bororé. A riqueza dos atributos culturais, históricos, científicos e naturais, incluindo parques, cachoeiras, pousadas, fazendas agrícolas, formações geológicas e aldeias indígenas, fazem do local um espaço de características únicas.
Três bacias hidrográficas localizam-se em seu território: Capivari, Guarapiranga e Billings. Quase 25% da área da cidade de São Paulo concentra-se ali, com quilômetros de Mata Atlântica.
A região de Parelheiros tem grande influência alemã e de imigrantes japoneses. O cultivo de hortaliças e plantas ornamentais transformou a região em reduto agrícola da cidade. Dentre os patrimônios locais estão a estação ferroviária Evangelista de Souza, a Capela de São Sebastião, na Ilha do Bororé (de 1904), a Capela Nossa Senhora Aparecida, na Colônia (de 1910) e o Cemitério da Colônia Alemã (de 1829).
Já a Capela do Socorro tem mais de 80% de seu território inserido em área de proteção aos mananciais, responsáveis pelo abastecimento de parte da população da região metropolitana de São Paulo. As represas Guarapiranga e Billings, construídas para abastecer a cidade, criaram um potencial de lazer na região, atraindo chácaras de recreio e clubes nos arredores. Para promover o resgate das tradições e da cultura alemã, descendentes de alemães organizam anualmente a Colônia Fest.
A região inclui ainda o maior tempo messiânico fora do Japão, o Solo Sagrado da Guarapiranga, o Templo Asé Ylê do Hozooane, que dissemina a cultura negra na região e auxiliar jovens na procura de emprego, e o Templo Budista Quann Inn, baseado na religião chinesa.
Toda essa diversidade e riqueza começou a ser articulada pela Rede de Ecoturismo Solidário SP num calendário de eventos, reunindo as potencialidades e atrações da região em festivais de inverno e de primavera. A união dos empreendimentos em torno de objetivos comuns tem contribuído para potencializar os atrativos turísticos da região, gerando trabalho e renda para a população local.
Conheça a programação do 3º Festival de Inverno do Polo de Ecoturismo de São Paulo no site da rede, no facebook e no site do Polo.