Arildo Mota ressaltou a importância do trabalho de Formação de Lideranças da Unisol Brasil, porque o interesse em realizar e nos temas destacados.
Em entrevista, Arildo Mota, presidente da Unisol Brasil, destacou pontos importantes da Formação. “No Brasil ainda é difícil obter recursos para um trabalho de formação política. O que temos hoje é o direcionamento das verbas para encontros regionais, seminários e exposições. O que é estratégico dessa Formação foi a provocação ocorrida há algum tempo, pela Nexus, para que fizéssemos formação política na nossa base de cooperados afiliados. O que estávamos tentando fazer eram os encontros setoriais, onde tratávamos do tema de um setor específico. Na primeira parte, ocorrida em agosto deste ano, convidamos pessoas que estavam envolvidas com a Economia Solidária, para ajudar às cooperativas a se posicionarem no sistema capitalista. É importante os dirigentes de cooperativas brasileiras saberem se posicionar perante a conjuntura brasileira, do Mercosul e mesmo mundial. Também discutimos a saúde e a segurança do trabalhador, temas aos quais nossos parceiros italianos nos cobram bastante. Estes temas precisam mostrar aos cooperados como fazer a autogestão cumprindo as normas de qualidade de vida nos empreendimentos solidários. Não conheço outra representação brasileira de cooperados que tenha esta preocupação, acredito que a Unisol Brasil esteja na vanguarda na discussão das questões de segurança para o trabalhador cooperado.
Já o segundo módulo da Formação mostra que precisamos discutir a questão de gênero como sujeitos e seres humanos, mesmo muitas vezes não admitindo que somos uma sociedade predominantemente machista. Queremos que esta temática oriente as discussões as quais precisamos ir amadurecendo para o próximo Congresso da Unisol. Existem outras temáticas importantes também, por exemplo, a inserção e formação de jovens na Economia Solidária. Pelos comentários e avaliações de cada módulo que fizemos, estamos no caminho certo.
Acho que a Unisol Brasil precisa fazer discussões nos entes federativos para ampliar a formação política, sócio-econômica e ambiental dos Empreendimentos Econômicos Solidários, para ampliar horizontes e obter novas parcerias. Avalio de forma positiva as nossas ações e aprecio as críticas construtivas que nos ajudem, muitas vezes até com um olhar “de fora” que percebe coisas que não vemos. Temos perspectivas de dar continuidade e aumentar a participação de dirigentes e cooperados, que hoje envolve 40 cooperativas afiliadas”, concluiu.
Neli de Souza, parte da Redesol, rede de cooperativas de reciclagem de Minas Gerais, é afiliada da Unisol desde a fundação da entidade e já nesta época pleiteava a realização de uma formação política. “Por meio da Unisol, conseguimos, anos atrás junto ao Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro) de Belo Horizonte, um curso de Formação Política e vimos ser possível envolver os EES e os sindicatos nestas ações. Mostramos o nosso interesse para a Sandra Pareschi, da Nexus, e a Luciana Cortez, do Instituto Camilo Filho, de Minas e elas nos ajudaram na articulação. No primeiro módulo acho que o ideal seria termos mais cooperados participantes, mas sabemos das limitações de verba. O segundo módulo gostei mais ainda, pela discussão de igualdade de gênero, pois nos ESS, tirando a área de metalurgia, boa parte é formada na maioria por mulheres”. Ela comenta sobre a constatação da realidade de alguns países da Europa e os sérios problemas decorrentes da crise: “Foi muito triste saber o que está se passando no cotidiano dos trabalhadores europeus, com a perda de empregos, ou de direitos e aumento da jornada de trabalho. Pelo fato dos italianos terem sido nossos primeiros parceiros na Coopersoli. Hoje eles querem que nós os ajudemos, o que é uma forma de retribuirmos. Me chamou a atenção a apresentação do Canadá, quando mencionaram recursos de US$ 1 milhão que a entidade destina aos projetos de EES de lá”. E a constituição da EBPS com o Alexandre Antonio é algo de muito alegria, pois ele é um técnico que sempre vestiu a nossa camisa, ele parece um cooperado e não um técnico de tanto que se envolve no apoio aos EES”.
Valdineia Adriana, da Associação Raio de Luz (Cultura Cooperluz à partir de dezembro de 2014), de São Bernardo do Campo, especializada em triagem de materiais recicláveis há 15 anos e afiliada desda a fundação da Unisol Brasil, deu o seu depoimento. Adriana achou ótima a discussão de gênero apresentada, levando em consideração que na área de reciclagem a maioria dos EES são constituídos por mulheres. E cita o fato de termos uma mulher presidente, agora em segundo mandato, como inspirador e encorajador dessa liderança feminina. “Temos que assumir esta liderança, estar presentes nos principais cargos, e acho que somos até melhores que os homens”! Perguntada se identificou alguma novidade no evento, Adriana pontuou sobre as palestras feitas pela Nexus e a CGIL, que evidenciaram detalhes do dia a dia das dificuldades enfrentadas pelos europeus que sofrem as consequências da crise econômica. “Apesar dos problemas, alguns que são comuns aos dois países, Itália e Brasil, eu gostei deles terem mostrado aspectos que podemos reproduzir aqui na prática de autogestão dos EES e em outras instâncias da sociedade, inclusive práticas mencionadas pelos convidados do Canadá”, finaliza. Adriana não esteve presente no primeiro módulo da Formação, em agosto, mas aproveitou ao máximo esta segunda parte.