Presidente José Caetano Minchillo afirmou que experiência da Central de Cooperativas atende aos propósitos da instituição
O presidente da Fundação Banco do Brasil (FBB), José Caetano Minchillo, afirmou que os resultados satisfatórios comprovados na organização social, administrativa e jurídica de empreendimentos solidários foram de extrema importância para que a instituição escolhesse a UNISOL Brasil como parceira em alguns de seus projetos voltados à Economia Solidária.
“A missão da UNISOL tem plena aderência com os propósitos institucionais da Fundação BB, pois é uma associação que tem compromisso com a defesa dos reais interesses da classe de trabalhadores”, declarou Minchillo.
O executivo também explicou as razões para a FBB investir em empreendimentos de Economia Solidária, além de fazer uma rápida análise e falar das expectativas para o futuro do setor. Veja a entrevista na íntegra:
UNISOL Brasil – Fale um pouco sobre o trabalho da Fundação Banco do Brasil junto aos empreendimentos de Economia Solidária.
José Caetano Minchillo – Temos como perspectivas a conquista de autonomia para uma vida digna sustentada e a emancipação social, política e produtiva dos indivíduos, potencializando os valores das comunidades e o saber-fazer local. A Fundação Banco do Brasil estrutura sua atuação de forma a identificar e mobilizar diferentes atores sociais na busca por soluções efetivas para aspectos fundamentais do desenvolvimento sustentável de comunidades brasileiras. Nosso objetivo central é a promoção da inclusão socioprodutiva, tendo como instrumento as tecnologias sociais, observando os quatro princípios da sustentabilidade: respeito cultural, solidariedade econômica, protagonismo social e cuidado ambiental. Nosso foco é propiciar o acesso a oportunidades de trabalho e renda, acesso às políticas públicas e contribuir para uma educação integrada e participativa, com a importância da autogestão. Tudo isso contribui para o desenvolvimento sustentável do País, que é a nossa missão.
UNISOL Brasil – Quando começou esse trabalho para desenvolver os empreendimentos de Economia Solidária?
Minchillo – A Fundação BB foi criada em 1985, já com funções voltadas para o desenvolvimento social do País. Nessa época, a FBB já começava a desenvolver uma série de projetos sociais em várias regiões do Brasil. Foi um período de rica experiência, em que as práticas desenvolvidas desde o início serviram como base para a atuação da FBB da forma como a reconhecemos hoje, com quase três décadas de existência.
Desde aquela época, a Fundação BB teve a oportunidade de aprimorar o uso de suas ferramentas de ação. O ano de 2001 marcou uma profunda transformação no posicionamento estratégico da Fundação, que aprimorou seu potencial de articulação social, capaz de aproximar as soluções dos problemas. Através do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, foram mobilizados ONGs, universidades, governos estaduais, prefeituras, fundações e institutos de todo o País, o que possibilitou a criação do Banco de Tecnologias Sociais (BTS), um cadastro de soluções inovadoras para problemas sociais em áreas diversificadas.
Atualmente, damos ênfase à Inclusão Socioprodutiva por meio das tecnologias sociais priorizando ações em cinco áreas: água, agroecologia, agroindústria, resíduos sólidos e educação. O foco é propiciar acesso a oportunidades de trabalho, renda e às políticas públicas, além de contribuir para uma educação integrada e participativa. Por exemplo, a FBB atua junto a agricultores familiares, comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas no fortalecimento de cadeias produtivas, especialmente em apicultura, cajucultura e mandiocultura. São projetos que atendem milhares de pessoas em beneficiamento de mel, de castanha de caju e em fábricas de farinha e outros subprodutos da mandioca. As cooperativas e associações que atuam nas cadeias produtivas apoiadas são autogestionárias e fomentam a formação de redes de empreendimentos solidários buscando, cada vez mais, a sustentabilidade de suas atividades.
UNISOL Brasil – Por que a Fundação Banco do Brasil investe na Economia Solidária?
Minchillo – Pensar a Economia Solidária faz parte de planejamento sustentado, de longo prazo. E há inúmeras experiências no Brasil e no mundo que mostram práticas de sucesso. Construir empreendimentos com força social, política e econômica, para transformar a realidade é possível por meio da Economia Solidária como conceito de produção, onde o coletivo e o social valorizados constroem força econômica a partir da organização de trabalhadores, gerando trabalho e renda, promovendo a inclusão social com a autogestão de seus empreendimentos solidários como alicerce. A comunidade organizada se torna agente de soluções para seus problemas. Portanto, o investimento social da FBB busca a promoção da inclusão socioprodutiva com qualidade, potencializando a integração de investimentos sociais com a disseminação de Tecnologias Sociais. Isso tudo contando com diversos parceiros estratégicos e com políticas públicas.
UNISOL Brasil – Quando teve início a parceria com a UNISOL Brasil?
Minchillo – A parceria já existe desde 1° de setembro de 2005. Portanto, trata-se de uma parceria com mais de nove anos de existência e que fortalece essa nossa missão de promover a inclusão socioprodutiva por meio de Tecnologias Sociais.
UNISOL Brasil – Quais projetos a UNISOL Brasil e a Fundação Banco do Brasil desenvolvem juntos?
Minchillo – Atualmente, são três projetos em execução: o fortalecimento de gestão para a Coopasub, a Copaju e a Centcoop; a aplicação do referencial brasileiro para a análise de empreendimentos de economia solidária na rede do leite do Paraná; e o projeto de articulação e inserção de ações nas políticas governamentais para o fortalecimento da EconomiaSolidária.
UNISOL Brasil – Por que essa parceria com a UNISOL Brasil é importante para a Fundação Banco do Brasil?
Minchillo – Quando a Fundação BB optou por atuar na organização de cadeias produtivas como forma de produzir impacto real e mensurável nas comunidades, percebeu-se que o primeiro elo a se investir na cadeia era o da organização social. Antes de qualquer outra intervenção, havia a necessidade de se agrupar as pessoas em torno de um objetivo minimamente comum, por meio de associações, cooperativas, sindicatos. Com essa premissa, a Fundação BB buscou parceria com a UNISOL Brasil, que já apresentava resultados satisfatórios comprovados na organização social, administrativa e jurídica de empreendimentos solidários. E a missão da UNISOL tem plena aderência com os propósitos institucionais da Fundação BB, pois é uma associação que tem compromisso com a defesa dos reais interesses da classe de trabalhadores e defende a melhoria das condições de vida e de trabalho dessas pessoas, além de buscar eficiência econômica e o engajamento no processo de transformação da sociedade brasileira com base nos valores da democracia e justiça social.
UNISOL Brasil – A UNISOL Brasil foi fundada há dez anos. O senhor pode fazer uma análise do desenvolvimento da Economia Solidária neste mesmo período em que a UNISOL começou a atuar?
Minchillo – Na perspectiva de sociedades mais justas, o movimento da Economia Solidária se fortalece como uma das alternativas em resposta às dificuldades econômicas, bem como ao enfrentamento de instabilidades sociais e ambientais. Grande impulso foi dado à economia solidária a partir do Fórum Social Mundial realizado em Porto Alegre (RS) em 2003. E os períodos do desenvolvimento da Economia Solidária e da existência da UNISOL se confundem, já que desde o Fórum Social Mundial, a base deste movimento se constituiu pela criação dos fóruns municipais, estaduais, regionais e brasileiro de Economia Solidária, assim como o estabelecimento dos centros públicos de referência emEconomia Solidária e as associações e instituições de fomento como a UNISOL.
UNISOL Brasil – Na opinião do senhor, qual a importância da UNISOL Brasil para a Economia Solidária?
Minchillo – A UNISOL Brasil é uma central de empreendimentos solidários e cooperativas, em âmbito nacional que desempenha um papel determinante como entidade de representação que organiza os seus empreendimentos e também constrói uma concepção de sociedade e uma maneira como a economia pode se organizar para ser mais justa. É uma organização que possui vasta experiência na recuperação de empreendimentos em situação falimentar, especialmente quando propõe a gestão do negócio de forma solidária e conduzida pelos próprios empregados e pode levar adiante um projeto de inclusão econômica e social, de democratização nos locais de trabalho, de participação no capital e nos ganhos gerados pelo próprio trabalho. Os melhores exemplos de sucesso deste tipo de intervenção são aqueles incubados sob a tecnologia desenvolvida pela UNISOL Brasil.
UNISOL Brasil – No seu ponto de vista, qual segmento da Economia Solidária tem se destacado (agricultura familiar, reciclagem, artesanato, outros)?
Minchillo – Dos segmentos da Economia Solidária apoiados pela Fundação BB, destacam-se a agricultura familiar e o tratamento de resíduos sólidos, tendo em vista os eixos de atuação da Fundação BB. Como exemplos, temos reaplicação de tecnologias sociais, dentre elas, a Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS) que possibilita aos agricultores familiares ampliar a variedade de suas hortas, o que contribui para uma alimentação saudável, evita desgastes no solo e possibilita a comercialização de produtos excedentes no mercado. Também apoia a reaplicação da Tecnologia Social Balde Cheio, que possibilita aos produtores um aumento significativo de sua produtividade utilizando áreas menores de pasto. O investimento social nas cadeias do caju, mel e mandioca também têm beneficiado a agricultura familiar, com a possibilidade de geração de renda para o agricultor familiar com a agregação de valor aos produtos, promovendo a aquisição de insumos coletivos, a formação de cooperativas de produção e comercialização. Consideramos o apoio na cadeia de resíduos sólidos nos principais centros urbanos um dos que mais tem se destacado na Economia Solidária, pois a reciclagem promovida na sua maioria por intermédio de associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis promove a maximização dos retornos sociais e é considerada fonte de inclusão socioeconômica e um processo eficiente de redução do volume de resíduos sólidos e preservação do meio ambiente.
UNISOL Brasil – Há a intenção de tocar novos projetos em parceria com a UNISOL Brasil? Pode citar algum?
Minchillo – A experiência da UNISOL Brasil na gestão de projetos da Economia Solidária, especialmente quanto à organização social e estruturação jurídica dos empreendimentos, tem resultado em parcerias com a Fundação BB de grande importância, sobretudo nas fases iniciais da atuação em cadeias produtivas. A Fundação BB sempre avalia todos os projetos e parcerias, de acordo com plano estratégico. Sempre que novos projetos são apoiados ou que parcerias são firmadas divulgamos em nossos canais nas redes sociais e também em nosso portal www.fbb.org.br. Aliás, temos o Edital Ecoforte – Extrativismo que dará apoio à estruturação de empreendimentos econômicos coletivos, visando ao beneficiamento e à comercialização de produtos oriundos do uso sustentável da sociobiodiversidade. Ele também está disponível no nosso portal.
UNISOL Brasil – Qual sua expectativa em relação ao futuro dos empreendimentos de Economia Solidária? Esse segmento está consolidado? Está em vias de consolidação?
Minchillo – A grande expectativa da Fundação BB é que os empreendimentos da Economia Solidária que apoiamos conquistem autonomia, atuando como protagonistas de suas próprias histórias. Com organização e profissionalismo, esperamos que o apoio ou investimento social sirva como incentivo, mas que depois disso os empreendimentos possam efetivamente gerir seus próprios negócios, de maneira empoderada e independente. Sabemos que este é um processo que demanda tempo. Contudo, há bons exemplos de projetos e cadeias produtivas que se encontram em vias de consolidação deste protagonismo. Fundação BB, assim como UNISOL, caminham na direção certa. O que esperamos é que possamos continuar trabalhando como articuladores do desenvolvimento sustentável do País.