A Economia Solidária como já temos mostrado aqui no site não se limita apenas aos setores mais conhecidos como agricultura, artesanato e reciclagem. Joaquim Melo, coordenador do projeto que está dentro de várias iniciativas do Banco Palmas, de Fortaleza (CE), instituição financeira comunitária já reconhecida no exterior, é quem compartilhou esta história motivadora.
Este exemplo que salta aos olhos pelas características únicas é o Palmaslab. Laboratório de Inovação e Pesquisa, surgiu no bairro de periferia com o menor IDH de Fortaleza (o Conjunto Palmeira). A sua diferença essencial é o contexto onde ele se desenvolve. Melo acredita na experiência, saberes e criatividade da periferia para a capacidade de produzir uma nova geração de tecnologias e pesquisas com muito maior impacto social e econômico para as comunidades.
Presente em eventos de norte a sul do País, para apresentar esta história de sucesso, Melo comenta: “temos acompanhamos o trabalho da Unisol Brasil pelas redes sociais, e temos nos encontrado em algumas reuniões estratégicas para pensar o fortalecimento da Economia Solidaria no Brasil”.
Muitos resultados tem sido conquistados por esta equipe. Durante 2014 e 2015, no Palmaslab, já foram treinados 60 jovens nos cursos de TI, e houve um primeiro curso básico de informática para 10 mulheres beneficiárias do Bolsa Família.
O Palmaslab recebe vários pesquisadores e parceiros de diversos países. E por conta dessa oportunidade em 2015, resolveram organizar cursos de línguas para a juventude (Inglês e Francês) onde foram formados cerca de 30 jovens. O Instituto Palmas tem realizado projetos de capacitação voltado a este público desde o início de suas atividades. Entre eles, o Bairro Escola de Trabalho que treinou 1.200 jovens para conseguir seu primeiro emprego e o curso Consultores Comunitários que formou 800 jovens nas áreas de economia solidária, empreendedorismo e gestão de bancos comunitários.
O dia a dia do Palmaslab depende bastante da época do ano. Melo divide o tempo dedicado em duas categorias.
A primeira, a que faz parte das responsabilidades ‘macro’, que viabilizam os eixos estratégicos do Palmaslab e que precisa de vários meses de execução, como por exemplo: cursos (que podem ser de um a cinco meses), desenvolvimento de produtos, realização de pesquisa (mapas de produção/consumo, avaliação de atendimento em postos de saúde), a organização do evento Startup Weekend Changemakers, entre outras ações.
A segunda são as responsabilidade denominadas ‘micro’, como manutenção básica de TI do Instituto Palmas, reuniões internas, mutirões do Instituto Palmas (organização de eventos etc), reuniões com jovens da comunidade para definir novos projetos, recepção de visitas ao Instituto Palmas e demais atividades .
Nesses dois anos foram desenvolvidas algumas tecnologias de informação:
– O PalMap, que inclui o sistema de coleta de dados (via celular simples ou smartphone) e plataforma de mapeamento online;
– O sistema de push de SMS/torpedos: para comunicação externa com a comunidade do Banco Palmas;
– A ferramenta de controle de geo-referenciamento da carteira de credito do Banco Palmas;
Também criaram outros produtos e iniciativas inovadoras:
– A metodologia/manual de desenvolvimento de Ideias em Projetos, a partir da experiência da periferia, baseada em Design Thinking e Human Center Design. Esse manual foi desenhado para os cursos do Palmaslab.
– O modelo do Centro Palmas de Inovação Social
Por meio da realização do Startup Weekend ChangeMakers (primeiro no Brasil ocorreu em março de 2015), surgiram diversas ideias de Startup Sociais. Melo conta: “identificamos três como estratégicas para o desenvolvimento local a partir dos jovens. Segue uma breve descrição deles:
– “Vai dar Certo”: o jovem da periferia se depara com três problemas na preparação pro vestibular: alto custo, distância, violência. Este projeto quer fazer um pré-vestibular comunitário de baixo custo a ser ministrado preferencialmente por moradores da comunidade que estejam na universidade, para que possa ser, além de um professor, um espelho para esses ,mostrando que é possível entrar em uma universidade pública, mesmo com vários fatores adversos.
– Traço Kid’s – um projeto para proporcionar às crianças e jovens a conhecer o mundo da arte, música e dança. Com oficinas, cursos e palestras, a ideia e manter a sustentabilidade do projeto com produtos tirados de processo de capacitação. Como exemplo, o vender as artes que são feitas nas oficinas para virarem estampas, capa de caderno, bolsas, blusas. O dinheiro arrecadado será reinvestido em ações para melhoria do projeto, aumentando assim a perspectivas dessas crianças e jovens e promovendo o desenvolvimento local. O principal canal de vendas seria via aplicativo.
– Cantando no Chuveiro: o intuito é criar um aplicativo que venha ajudar pessoas a perderem sua timidez cantando e recebendo nota e comentários de amigos que tenham o app, ou pessoas que tenham problemas na fala perderem o medo e receberem dicas de como melhorar isso e fazerem novas amizades.
Desta forma, o Banco Palmas e o Palmaslab vão revolucionando Fortaleza e servindo de inspiração para o mundo.
Fontes: Banco Palmas; Instituto Palmas.