Para a Revista Unisol Brasil, edição que circula em maio, entrevistamos Nelsa Fabian Nespolo, liderança cooperativista no setor de Confecção e Têxtil e Artesanato na região Sul do Brasil. Confira aqui!
Unisol Brasil – Na sua experiência na Economia Solidária, qual o papel ocupado e desempenhado pela mulher neste segmento, no Brasil ? (considerando que vocês trabalham em Rede)
Nelsa – A mulher na Economia Solidária (ES) tem tido papel muito importante e também hoje toma a frente em vários dos empreendimentos. As mulheres são a grande maioria na participação da ES. E os empreendimentos que tem a sua frente, mulheres, também tem resultados bastante significativos, pois elas juntam a questão mais técnica e econômica com cuidados especiais. Ou seja, tem mais facilidade de considerar aspectos como o meio ambiente, o local e o envolvimento de toda a família do associado.
A mulher tem vivido, sobretudo, nos últimos anos, um processo forte de presença, motivado por alguns programas de governo que reconhecem a mulher como a melhor administradora dos recursos familiares. Isso fortalece e reconhece a mulher que toma então outras iniciativas, sobretudo para buscar parcerias.
Neste sentido, realizamos no Estado do RS três Encontros Latino Americanos das Mulheres da Economia Solidária. A vontade das mulheres de se encontrarem e falarem de sua realidade e das formas de organização é muito impressionante. É muito rápida a mobilização, pois nos últimos dois encontros participaram mais de 500 mulheres da ES de diversas cidades, Estados e países. Retornam destes momentos cheias de energia, dando passos significativos em seus empreendimentos e mobilizando outras a se somarem nas lutas da Economia solidária e do outro mundo que queremos.
A equipe que esteve a frente das ações de Economia solidária no Governo no Estado do RS de 2011 a 2014, onde 80% eram mulheres. Na Justa Trama e na maioria dos empreendimentos da Rede as mulheres estão à frente.
UB – Houveram avanços nos últimos doze anos e quais destacaria ?
Nelsa – Nos maiores avanços, de fato, destaco o tema do protagonismo das mulheres. E gostaria que mencionar o documento que contém (disponível no final deste texto, na pág oito) a carta que enviei para a organização do Encontro Latino (citado anteriormente) e que de fato reforça isso.
UB – Na sua opinião e experiência, que discussões sobre gênero são mais urgentes na atualidade em relação ao cooperativismo ? Quais estão em pauta e quais enfrentam dificuldades para entrar em pauta e porquê ?
N. Fabian – Avançar mais neste protagonismo onde as mulheres assumam mais as direções, isso, nos empreendimentos, na gestão publica, nas Secretarias de Estado, nas candidaturas de todos os níveis. E que as mulheres não se masculinizem, mantenham o seu jeito, sua expressão e suas bandeiras também especificas, pois muitas vezes as mulheres assumem e mudam. Sendo pressionadas, cedem e assumem a mesma postura dos homens, e com algumas atitudes também machistas. É dificil, mas é possivel. Nós mulheres nunca podemos abrir mão de sermos tratadas de forma diferente, pois somos diferentes. Nossa igualdade deve ser nos direitos.
Também somos um reflexo de todas as dificuldades e de um período muito longo de dominação. Mas é importante que os cursos de qualificação levem em conta o que realiza as mulheres, superando os preconceitos e não necessariamente ensinando o que o mercado mais precisa, pois economia solidária também é construir outros mercados, outros produtos e outras formas de produzir.
UB – Algo mais que queira comentar e não foi perguntado ?
N. Fabian – A economia solidária deveria também trabalhar com critérios de representação que garantam a proporcionalidade das mulheres em todos os espaços. Assim, teríamos a diversidade e bandeiras importantes presentes, sempre.
Leia aqui a carta redigida pelas lideranças da Unisol RS direcionada para o 3º Encontro Latino Americano das Mulheres da Economia Solidária, ocorrido em 2014. Fala Coop Justa Trama documento c visao geral propostas e carta revista_economia_solidaria