A ‘Associação de Mulheres Produtoras e Inovadoras do Povoado de Italegre’ é um coletivo de mulheres de uma comunidade rural comprometidas com a economia solidária da cidade. A ideia de formação surgiu a partir da identificação da necessidade delas se mobilizarem para tentar, de alguma forma, ajudar nas despesas domésticas e obter uma renda extra, para ajudar nos estudos dos filhos. Elas procuraram a Unisol Bahia para ter a orientação de um formato de trabalho que se adequasse a realidade vivida pelo grupo, e a entidade tem acompanhando a formalização e dado suporte para a associação.
Dessa forma, foram apresentadas três modalidades jurídicas: a empresa formal, a cooperativa e a associação. A opção foi a de criarem uma associação, porém, visualizando uma cooperativa, no futuro. A partir do perfil de cada integrante, estabeleceram que as atividades principais serão focadas em corte e costura, beneficiamento de frutas e alimentação.
Estão envolvidas cerca de 60 mulheres, todas da comunidade de Italegre, no município de Baixa Grande, na Bahia. Para desenvolver o trabalho, onde o processo está em fase inicial, elas já contam com o apoio da Federação das Associações Baixagrandenses, do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais e da UNISOL Brasil. E já estão sendo preparados alguns estudos para viabilizar economicamente o empreendimento.
A UNISOL Brasil, por meio de seu secretário de Agricultura Familiar e diretor administrativo da Unisol Bahia, Israel Dias, está dando total apoio ao empreendimento, desde a mobilização, orientação e formações, dentre outras demandas urgentes. O objetivo final é a geração de ocupação e renda, porém, este não é o único foco. Elas pretendem resgatar tradições culturais, discutir os problemas da comunidade além de ter nos encontros uma forma de lazer, de por o papo em dia. O principal foco de mercado delas são, a princípio, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), além dos mercados local e regional.
A Revista Unisol Brasil entrevistou Dalila Dumas, líder da Associação, onde ela fala sobre o papel da mulher no cooperativismo e as perspectivas do seu empreendedorismo solidário (este texto também está na íntegra em matéria publicada na Revista Unisol Brasil que circula em maio de 2015). Dumas destaca:
1- O papel da mulher é fundamental, cresce cada vez mais o número de famílias que tem a mulher como importante membro financeiro, tendo em vista que a mesma possui mais espaço no mercado de trabalho. Nos últimos 10 anos com o fortalecimento das cooperativas femininas e de programas como a Bolsa Família, a mulher, hoje, consegue ter maior importância na sociedade.
2- Esperamos maior investimento dos órgãos municipais, estaduais e federais para que mais cursos, técnicos e maiores oportunidades de crescimento e fortalecimento das associações para dar oportunidade de trabalho às pessoas de comunidades carentes. Como em nossa cidade, do interior do Nordeste, distante das zonas industriais, onde fica mais difícil acesso às ofertas de trabalho.
3- As demandas (para uma associação ou cooperativa) são muitas, por exemplo, o local próprio para o desenvolvimento dos trabalhos, apoio financeiro inicial para o registro burocrático da associação, oferecimento de cursos de aperfeiçoamento para membros da associação.
4- O investimento financeiro inicial (para colocar de pé uma associação ou cooperativa) é sempre uma barreira, tendo em vista a necessidade de uma legislação e a criação de órgãos especializados para oferecer suporte técnico condizente com a realidade social e cultural da comunidade.
5- Acredito que alguma associação seria importante para orientar, proteger e oferecer suporte necessário a cada segmento, quando vemos as dificuldades das demais identidades de gênero (público lgbtt).
6- Infelizmente observamos que Associações e Cooperativas não caminham juntas com prefeituras, estado e governo federal, fazendo com que haja muito mais dificuldades e desestímulo na criação de nossas cooperativas, principalmente no processo inicial de criação.