O diretor geral da TVT, Elizeu Marques da Silva, morreu na última sexta, por complicações cardíacas e respiratórias. Pioneiro na TVT dos Trabalhadores, Elizeu foi operário, militante e diretor de base do Sindicato.
O cara da TVT
A ideia dos metalúrgicos registrarem em vídeo sua história começou com as greves do final dos anos 1970 e início dos anos 1980 e tomou forma em 1983, quando Lula, então diretor do Sindicato, voltou de uma viagem à Europa com uma câmera doméstica. De lá pra cá, o que era uma ideia transformou-se numa emissora de televisão, a TVT.
Elizeu contou essa história na Tribuna, às vésperas da inauguração da TVT, em 5 de agosto de 2010.
TM – Como foi o início?
Elizeu Marques da Silva – Gravamos eventos e ações do Sindicato porque sempre nos preocupamos em registrar a história que fazíamos. Em 1984 criamos um departamento de vídeo e por meio de um convênio com uma entidade holandesa conseguimos uma câmara profissional, uma ilha de edição e montamos nosso primeiro vídeo móvel. O que nos interessava era registrar a história, mas não mostrá-la.
TM – Quando começaram a mostrar?
EMS – Montamos um caminhão com o vídeo móvel e criamos um telejornal de oito minutos com notícias da categoria, que exibíamos todos os dias nas fábricas. Achávamos que não deveríamos depender de ninguém para nosso trabalho. Sermos nós os donos do traquejo, da forma e da linguagem mais apropriada para se comunicar com os trabalhadores.
Em 1987 fizemos o pedido ao governo federal para a concessão do canal.
Mesmo com a resposta negativa, a ideia da emissora permaneceu. Em 1994 chegamos a criar um programa e compramos um horário na TV Record aos domingos pela manhã. Mas era caro mantê-lo e durou só nove meses.
TM – Qual a importância da produção da TVT para o sindicalismo brasileiro?
EMS – Temos seis mil fitas com registros dos mais importantes momentos do movimento sindical. Um grande acervo de vídeos, depoimentos que nos garantiu prêmios em festivais e mostras em vários países.
TM – O que toda essa experiência pode oferecer à nova fase da TVT, agora com a emissora?
EMS – O compromisso com a classe trabalhadora. Para a emissora, veio uma geração de novos profissionais que pode aproveitar esse nosso olhar, o olhar do trabalhador sobre o mundo para fazer algo diferente. O que vamos deixar à emissora é o compromisso com a transformação do Brasil.
Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos do ABC