É impossível ir a Ivaporunduva, antigo e consolidado quilombo situado no sertão de Eldorado, no Vale do Ribeira (região sul de São Paulo), e não ficar fascinado com as histórias e a consciência social de seus moradores. Um deles, Benedito Alves da Silva, o Ditão, um tradicional porta-voz da comunidade, recebeu com outros companheiros o presidente da Unisol, Léo Pinho, para uma visita na semana que passou.

Totem na entrada de Ivaporunduva: vivendo da terra

Como de hábito entre os agricultores familiares do Vale, os quilombolas de Ivaporunduva vivem da agricultura de subsistência e também da venda do principal produto da região. A banana passou a ser comercializada em maior quantidade há mais de uma década, quando o governo federal construiu uma ponte por sobre o rio Ribeira do Iguape, acabando com séculos de acesso via barco ou balsa. “Desde então, além da produção local, nós também desenvolvemos outra atividade: o turismo étnico-cultural, quando um dos atrativos é a história do nosso povo”, diz Ditão.

Ditão fala à comunidade, com Léo Pinho ao centro

A atividade, claro, não representa grande fatia no processo de obtenção de renda para os quilombolas, mas sua importância é enorme para a autoestima de uma comunidade que hoje conhece bem o seu valor. O Ivaporunduva existe há pelo menos dois séculos – diz-se que a capela local, consagrada à Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, foi erguida em 1630 – e seus moradores reúnem-se no Centro da vila, mas suas casas pulverizam-se pelo sertão entre o Ribeira e o Petar, o enorme parque estadual da região. “Muitas casas já são de alvenaria, mas eu, por exemplo, moro numa casa de pau-a-pique”, diz Laudessandro Marinho da Silva, coordenador da associação local, que tem cerca de 200 associados e uma cooperativa filiada à Unisol.

Casas como a dele eram construídas por escravos fugidos da opressão dos donos de terras. Depois de séculos de luta, eles ganharam direito a esse torrão, e a verdade é que poucas pessoas no mundo dão tanta importância à terra quanto os quilombolas. “A gente ia para a escola e ouvia do professor que tínhamos de estudar para não viver na roça. Ora, nós amamos a roça! Nós estudamos justamente para viver do nosso plantio melhor e com mais tranquilidade”, diz Laudessandro. Por isso, o Ivaporunduva estimula seus jovens a ingressar na faculdade – e de lá saíram médicos, advogados e agrônomos, entre outros profissionais.

Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos: 1630

Em sua visita, Léo Pinho saiu do quilombo visivelmente entusiasmado. “A dignidade deles é impressionante! São um exemplo de como unir a comunidade e trabalhar junto com o poder público pode ser benéfico para todos, não apenas materialmente, mas na alma mesmo!”

O turismo no local é feito por agendamento, pelos e-mails ivaporunduvatur@yahoo.com.br e ivaporunduva@gmail.com ou pelos telefones (13) 3879 5000 e (13) 3879 5001.

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