Experiência rende ricas vivências para as equipes envolvidas e moradores locais
As parcerias internacionais da Unisol Brasil tem acontecido por meio de variadas ações e projetos, trazendo ricos aprendizados para os envolvidos. Nesta ação, os laços brasileiros se fortalecem no Mercosul com os países vizinhos Paraguai e Uruguai, e também na Europa. Em novembro, membros da delegação paraguaia da Fundação CIDEAL de Investigação e Cooperação, que tem sede em Madri (Espanha) estiveram, a convite da Unisol Brasil, em intercâmbio para levantamento de experiências em Ponta Porã e Dourados (MS), cidades próximas da fronteira do Brasil com o Paraguai. Na ocasião, a equipe teve a oportunidade de conhecer experiências de agricultura familiar, diversos empreendimentos produtivos e uma incubadora de empresas brasileiras.
A ação é parte do “Projeto Fortalecimento da Incubadora de Empresas LANSOL, de Villarrica, Guairá (Paraguai)” financiado pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, do Paraguai, (CONACYT) com o apoio de convênio neste País e cofinanciado pela Fundação Cideal e a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID). Tanto a CIDEAL quanto a AECID tem interesse e projetos já realizados e outros em andamento na América Latina. A Espanha, por exemplo, designou o Paraguai como um país associado, em plano diretor vigente de 2013 a 2016.
As atividades tiveram, como participantes, os técnicos do Projeto Mba’apo Joaju, Eleno Vera, Juan Ferreira, Alberto González e Marolyn Villalba; Víctor Ferreira, gerente, David Benítez e Graciela Soto, técnicos, da Incubadora de Empresas Lansol e Maricruz Andueza, coordenadora, e Norma Cabral, técnica, da Associação JOPOI. A Unisol ajudou a organizar toda a ação, providenciando o suporte necessário para o desenrolar das atividades.
No dia 4 de novembro, a equipe foi recebida por Vitor Carlos Neves, coordenador do setorial de Agricultura Familiar da Unisol Brasil. Houve uma reunião no centro social “Gerando Vidas”, do assentamento Itamarati II, com os representantes do Banco Ita, instituição de economia solidária. Neves fez uma apresentação sobre as características do assentamento: número de habitantes, 15.000 e 2.900 famílias, aproximadamente, distribuídos numa área de 56.000 hectares, com produção de agricultura familiar, de leite, padaria, entre outros (o local está divido em Itamarati I e Itamarati II). A comercialização dos produtos do assentamento é realizada por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar, (PNAE), do Governo Federal brasileiro, o que garante a distribuição e a continuidade da produção, devido aos contratos, e tem as receitas (pagamentos) previsíveis, fatores que ajudam no planejamento. O Banco Ita mostrou os tipos de microcréditos disponíveis, para o setor produtivo e de emergência, os procedimentos para a concessão de créditos, as modalidades de pagamentos, entre outros.
Durante uma visita aos empreendimentos dos moradores do assentamento, o grupo conheceu, além da padaria, a produção de iogurte desenvolvida por uma família; de temperos, por um grupo de mulheres, e de cultivos de milho e soja, a qual conta com uma central de irrigação. No dia 5 de novembro, foi a vez de Neves apresentar a Justa Trama (que já foi tema de matéria aqui no site), com a sua cadeia produtiva de algodão agroecológico que envolve cinco estados brasileiros, e participação de cooperativas e organizações em diferentes fases: desde aquelas de plantação de algodão orgânico (natural e colorido) até as que fazem a elaboração de telas de tecido, confecção e acessórios. Posteriormente, o grupo visitou produtores de algodão orgânico natural e colorido (marrom e verde), assim como de mandioca, pinha, banana, todos com base orgânica; e ainda, produtores de cebola, pimentão, tomate, beterraba, gergelim, girassol, entre outros.
Continuando o intercâmbio, o grupo se dirigiu a uma fábrica antiga, a qual as instalações são usadas atualmente para o processamento e armazenamento de grãos. Em geral, os produtos são comercializados sem impostos, se beneficiando de incentivos fiscais. No período da tarde, o grupo conheceu um produtor de leite que trabalha com um projeto local denominado “Balde Cheio”, que fornece assistência técnica aos pecuaristas. Neste empreendimento, chamou a atenção o fato da autogestão deste produtor, que envolve toda a família e vai usando as posses do momento e as vendas para adquirir animais e insumos, comercializando os produtos para uma empresa.
No último dia de atividades, 6 de novembro, o grupo foi conhecer a Incubadora de Empresas da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD-MS), que trabalha principalmente com agricultura familiar, por meio de capacitações específicas aos emprendedores/as dos assentamentos e comunidades vulneráveis próximas da universidade. A incubadora conta com a dedicação de três técnicos da área administrativa e nutricionistas, professores e alunos da instituição. Tambem nela são desenvolvidos projetos de empreendimentos solidários de piscicultura. Desde 2012, a entidade conta com o financiamento da própria universidade. Na incubadora funciona atualmente um restaurante-escola totalmente equipado, onde o menu é voltado para a alimentação mais saudável para os estudantes, e as colaboradoras são mulheres de um assentamento, que recebem treinamento para elaborar as receitas.
A UFGD ocupa um importante posto como polo de ensino, cultura e empreendedorismo na região. Ela foi classificada pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) como a melhor universidade do estado de Mato Grosso do Sul durante cinco anos consecutivos (2007, 2008, 2009, 2010 e 2011) e como a terceira melhor da região Centro-Oeste, fatos durante menos de seis anos de autonomia administrativa.
Sobre a experiência, Marolyn faz o seu relato:
“A visita no Assentamento Itamarati me motivou a seguir adiante e cada vez com mais empenho no trabalho que venho realizando como técnica de um projeto no Paraguai, a qual trabalhamos também com empreendimentos produtivos de agricultura familiar e microcrédito para três zonas pobres do país. Dessa forma, entre os nossos objetivos principais se encontram a produção e comercialização conjunta, e o fortalecimento das organizações. Esta experiência nos oferece ferramentas para trabalhar no sucesso destes empreendimentos, inclusive com o apoio da UNISOL por meio de seu setorial de Agricultura Familiar. Particularmente, gostei muito da assistência técnica na produção de leite e na cadeia produtiva que impulsiona os trabalhos da Justa Trama, ambos projetos assistidos pela Unisol. Creio que apesar de ter um contexto diferente no meu país, por exemplo, leis, políticas públicas, pensamento do agricultor, etc., podemos replicar muitas destas ações que conhecemos.
No que se refere à Incubadora de Empresas da UFGD, foi uma experiência um pouco diferente a que tivemos, em relação a manutenção da entidade (pois conta com financiamento da Universidade) e à metodologia em geral. Podemos citar vários elementos, por exemplo, sobre a capacitação em questões gerais, como o Plano de Negócios, assim como a capacitação específica”.
O intercâmbio teve o apoio da Associação JOPOI, do Centro de Estudos Rurais Interdisciplinares (CERI) e do Serviço Jurídico Integral para o Desenvolvimento Agrário (SEIJA), ambos do Paraguai. Conheça mais sobre a CIDEAL e AECID nos endereços eletrônicos www.cideal.org e www.aecid.es, e sobre a universidade em http://portal.ufgd.edu.br.