Palestrantes empolgaram público ao compartilharem informações e vivências para ajudar a direcionar os líderes e futuros líderes de cooperativas
Nos dias 14 e 15 de agosto, cooperados vindos de várias cidades do País estiveram reunidos no Hotel Pampas, em São Bernardo do Campo (SP) para participarem da Formação de Lideranças, organizada pela UNISOL e com o apoio de diversos parceiros: Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Fundação Banco do Brasil, Nexus, Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC), Confederazione Generale Italiana del Lavoro (CGIL), Confederação Nacional dos Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores (CNM-CUT), Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) . O objetivo foi o de capacitar as lideranças que apoiam a Economia Solidária com orientações e conceitos da atualidade e que apontam para a construção de uma sociedade mais justa e sustentável.
Cerca de 40 cooperados e convidados de empreendimentos solidários iniciantes acompanharam as exposições dos palestrantes. No primeiro dia, a atividade foi aberta pelo Presidente da UNISOL Arildo Mota Lopes e foi realizada uma Análise de Conjuntura pelos integrantes da mesa: Rafael Marques, Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC), Integrante do Comitê Sindical de Empresa (CSE) na Ford e Presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC; Moisés Selerges, diretor administrativo do SMABC e Valmor Schiochet – Diretor do Departamento de Estudos e Divulgação da Secretaria Nacional de Economia Solidária/Ministério do Trabalho e Emprego (SENAES -MTE).
Schiochet começou por relembrar um dado importante: oito por cento do PIB brasileiro é composto por Empreendimentos da Economia Solidária, equivalentes a cerca de R$ 70 bilhões. Continuou ao traçar um contexto da situação da Economia Solidária no Brasil, detalhando os avanços na questão cooperativista tanto do ponto de vista legal quanto político. Destacou o papel da UNISOL nos últimos dez anos, como importante vetor de políticas públicas deste tema, diante das principais instâncias, como o Congresso Nacional, Ministérios e Governo Federal, Estados e Municípios, Organizações Locais e Internacionais. Também ressaltou as polêmicas relativas às Cooperativas de Trabalho (CT), que são uma distorção da filosofia das cooperativas, causam preconceito na sociedade e muitos problemas trabalhistas.
As CTs prejudicam a credibilidade das Cooperativas de Economia Solidária, estas, sim, experiências autênticas dos trabalhadores, devido à forma de autogestão e participação nos rendimentos gerados. Por fim, na sua conclusão, lembrou que os desafios são enormes, tanto organizativos quanto de negociação política, ressaltando que os sindicatos e cooperativas tem se aproximado cada vez mais, e que o debate é sobre a política nacional dos trabalhadores da ES. “Falta espaço de participação e controle social da política para a ES, pois os sindicatos, por exemplo, representam nos Conselhos de Participação Política (CPP), mas não estão no Conselho de Desenvolvimento Econômico (CDE), que é essencial nesta luta”. E lançou uma pergunta: “Qual sindicato irá representar os Cooperados?
O segundo convidado, Moisés Selerges, destacou a forma como o SMABC percebe e se relaciona com a sociedade, ao congregar 90.000 trabalhadores da indústria automotiva, e não discutir apenas sobre salários e condições trabalhistas. O SMABC estabeleceu um forte diálogo com o poder público, as associações, as igrejas e a comunidade, num posicionamento de “Sindicato Cidadão”. Mencionou o sistema de proteção ao emprego adotado por vários países na Europa e a necessidade de se reproduzir este modelo no Brasil, diante da perspectiva de precarização do trabalho, por meio da mudança da CLT. E afirmou: “Muitas vezes, para chegarmos na sociedade que queremos, precisamos dialogar, sem jamais abrir mão dos nossos valores. O sindicato (SMABC) investirá fortemente na questão das Cooperativas. E a comunicação é fundamental nesta luta”.
No final do primeiro dia, a plateia colocou vários questionamentos e dúvidas, entre eles, “O que o Governo pode fazer para mobilizar os jovens para a política e a ES?”, “O que a UNISOL tem feito para evitar a precarização do trabalho”? , respondidos pelos expositores com exemplos práticos em andamento em organizações como o próprio SMABC e o novo movimento sindical da agricultura familiar e ainda por meio da implantação do Sistema Nacional de Comércio Justo.
O segundo dia trouxe discussões ainda mais empolgantes. Com o tema ‘Diálogo Sustentável’, Ladislau Dowbor, professor titular de economia e administração no departamento de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) elencou algumas das ameaças geradas para a sociedade pela pouca regulamentação do sistema financeiro e o altíssimo custo do dinheiro oriundo do sistema bancário privado para crédito e financiamentos no Brasil. Dowbor chamou a atenção para diminuição do poder aquisitivo do cidadão e principalmente da indústria no PIB nacional. Esta, entre outras dificuldades, esbarra nos altos juros cobrados pelos bancos quando necessita investir em expansão, o que tem prejudicado enormemente o setor. Consultor de diversas agências das Nações Unidas, governos e municípios, além de várias organizações, Dowbor acredita na força da ES para a inclusão dos mais desfavorecidos da sociedade atual: pobres e minorias.
Tião Rocha, Diretor-Presidente do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento – CPCD e Diretor-Presidente do Banco de Êxitos S/A concluiu as atividades com uma intervenção motivadora, rica em detalhes de suas vivências em inúmeros projetos em comunidades carentes no País e no exterior. Em breve, teremos um vídeo no Canal da UNISOL no You Tube com trechos interessantes da exposição de Rocha. Acesse em https://www.youtube.com/user/unisolbrasil.
Numa segunda parte do relato deste evento, traremos breves entrevistas com os cooperados e fotos de seus Empreendimentos Solidários.
A Economia Social Solidária (ESS)
Promotora de valores e princípios alinhados com as necessidades individuais e coletivas, a ESS tem crescido em todo o mundo porque se baseia em colaboração e autossuficiência, através de empresas e organizações, equilibrando justiça social e desempenho econômico.