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Nos últimos dias 16 e 17 de agosto aconteceu em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul,  mais um encontro do ‘Setorial de Habitação’ da Unisol Brasil. Eram esperadas 60 lideranças cooperativas e no entanto compareceram mais de 130 participantes. Tamanha audiência evidencia o quanto o tema habitação é importante dentro das questões cooperativas brasileiras.
Estiveram presentes no evento Alécio Mascarenhas, assessor da diretoria da Unisol, lideranças da ONU Habitat, da Federación Uruguaya de Cooperativas de Vivienda por Ayuda Mutua (FUCVAM) do Uruguai; Marcelo Frison, Secretário Estadual de Habitação e Saneamento do RS, a Secretaria de Economia Solidária e Apoio à Micro e Pequena Empresa do RS (SESAMPE-RS), a Gerência Nacional do Banco Caixa Econômica Federal (CAIXA), cooperativas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e São Paulo, Técnicos e Assessorias.
O objetivo do encontro era o de reconectar as cooperativas habitacionais autogestionárias numa mesma agenda política estratégica. O ‘Setorial de Cooperativas Habitacionais Autogestionárias e da Construção Civil’ é uma iniciativa da UNISOL que agrega cooperativas do mesmo campo de atuação, para se articularem e pensarem estratégias comuns, de maneira a ter maior agilidade nas lutas práticas de construção e na agenda política.

A Unisol Brasil entrevistou Ivanio Dickmann, presidente da Cooperativa Habitacional Central do Brasil (COOHABRAS), coordenador deste Setorial e organizador do evento, que fala sobre quais são o panorama atual e as perspectivas desta bandeira. Confira abaixo.

Unisol – Ivanio, qual é a sua visão sobre as cooperativas habitacionais hoje no Brasil?
Ivanio – No caso de nosso setorial organizamos as cooperativas legítimas que não são “construtoras disfarçadas” e que organizam famílias de baixa renda. Que foram desprezadas pelo mercado das grandes construtoras. Nosso setorial busca encontrar um caminho para que o povo trabalhador não seja mitigado em seu direito de morar numa casa digna e adequada. Estamos lutando por um jeito de morar bem de forma coletiva e autogestionária.
Como o mercado da construção civil está em evidência surge uma oportunidade histórica das cooperativas habitacionais contribuírem com esta dinâmica mercadológica operando com famílias de baixa renda que o Mercado não contempla. As cooperativas só precisam se unificar para unir pautas estratégicas com o objetivo de construir um cenário propício a escalar suas ações de maneira a demonstrarem sua capacidade produtiva contemplando o maior número de famílias possíveis.
O nosso Setorial de Cooperativas Habitacionais e da Construção Civil da UNISOL Brasil assumiu esta tarefa histórica de representar o cooperativismo habitacional autogestionário nesta luta política e social na relação entre as cooperativas e destas com o Governo Brasileiro interferindo na elaboração das políticas públicas deste setor, em especial no Programa Minha Casa Minha Vida.
Unisol – Quais os objetivos do evento e eles foram alcançados?
Ivanio – Elencamos os objetivos do Cooperativismo Habitacional para os próximos anos, entre eles estão:
>- Crédito Habitacional sem Juros;
>- Microcrédito para compra de terras;
>- Aplicação do Estatuto das Cidades;
>- Lei Complementar do Cooperativismo Habitacional;
>- Propriedade Coletiva da terra;
>- Outros.
Unisol – Quantas pessoas e entidades apoiadoras estiveram envolvidas?
Ivânio – Reunimos mais de 50 cooperativas habitacionais autogestionárias. Algumas são filiadas a UNISOL e outras levaram a Ficha de Inscrição, motivadas pela força do evento, em breve ampliaremos os números do Setorial. Dando mais força política para este segmento.
Unisol – O que a COOHABRAS planeja para o futuro em Bento Gonçalves e na região Sul?
Ivanio – Temos grupos na região serrana do RS desde a fundação. Estamos ampliando os trabalhos em Caxias do Sul, cidade vizinha de Bento Gonçalves, e apoiando as cooperativas de Bento na sua organização e principalmente na busca do crédito habitacional junto a CAIXA com a Carta de Crédito Associativo.
Unisol – Que obstáculos existem em relação às Cooperativas Habitacionais no Brasil?
Ivanio – Hoje o principal desafio é ter uma política pública condizente com o cooperativismo que permita as pessoas construírem de forma coletiva e não individual. As cooperativas precisam se organizar para ter uma bancada no Conselho das Cidades. Precisamos contribuir com a CAIXA na divulgação do cooperativismo como instrumento de acesso à moradia para a população de baixa renda. E precisamos de uma Lei que apoie este tipo de ação coletiva de conquista da moradia. Isso dará mais segurança para as pessoas participarem do cooperativismo habitacional autogestionário.
Unisol – De que forma a Unisol Brasil apoia a COOHABRAS?
Ivanio – A UNISOL com seu setorial abre importantes espaços de diálogo e articulação com o Governo Federal e com a CAIXA e Centrais Sindicais. Também proporciona contato permanente com ampla rede nacional de cooperativas de outros setores que também precisam de moradia para seus cooperativados/as. O apoio financeiro aos eventos é fundamental para a ampliação das articulações nacionais.
Unisol – Gostaria de comentar algo mais?
Ivanio – Hoje não há nenhum motivo para os trabalhadores (as) não terem suas casas. Somos nós que geramos as riquezas de nosso país e por isso temos direito de acessar os Fundos Públicos para concretização do direito à moradia. Essa é a luta da COOHABRAS, concretizar direitos humanos fundamentais ligados a Cidade e a Moradia.

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