A Griffe Criolê, moda afro-brasileira e solidária, está com inscrições abertas para cursos de corte e costura e modelagem. As inscrições são gratuitas e as aulas começam em março.
Os cursos acontecem no Centro de Qualificação Profissional Criolê, inaugurado em novembro de 2016, localizado em Hortolândia, na região de Campinas (SP).
Isabel Cristina Alves, a Mãe Isabel, comemora a conquista do Centro, inaugurado com apoio da Unisol Brasil por meio do Programa de Investimento Solidário, como uma evolução do trabalho que vem sendo desenvolvido há mais de uma década. A grife, criada por ela, é baseada no trabalho coletivo e nos conceitos da economia solidária.
Apostando em cores, temáticas e símbolos afro, agregando técnicas de bordado em tecidos de algodão e linho, a Criolê tem como proposta valorizar a cultura de matriz africana, ao mesmo tempo em que investe na qualificação para o mercado da moda e alternativas de geração de renda.
Hoje cinco pessoas estão envolvidas diretamente na produção, mas o empreendimento ainda busca formas de gerar renda mensal adequada para os envolvidos. “Não estamos dando conta da produção, que está aumentando. Então temos formado o que eu chamo de casulos. Temos casulo em Campinas e em Rio Claro. Encontramos pessoas que trabalham com Economia Solidária, que costuram, e nos juntamos a elas para desenvolver uma produção”, diz Isabel.
O trabalho do grupo nasceu como Ponto de Cultura Caminho, uma ong tradicional de terreiro, com objetivo de trabalhar a autoestima do negro contra a violência e a discriminação. Mas com o tempo foram percebendo a necessidade de pensar também na dimensão econômica da comunidade, e nasceram então duas unidades de negócio – uma que trabalha com alimentação e outra que se estruturou como confecção artesanal, que deu origem à Griffe Criolê, que hoje trabalha com vestuário feminino e masculino adulto e já se prepara para confeccionar peças infantis.
Os produtos são comercializados no showroom da grife, que fica no Centro de Qualificação, e pelo facebook. O empreendimento também participa de feiras de artesanato.
“O mercado de moda é um mercado diversificado, que cresce e não conhece a crise. Mas existe um déficit muito grande de mão de obra qualificada. Nossos cursos são voltados para o público em geral, e nasceram de um olhar meu junto a outros empreendimentos de economia solidária sobre a necessidade de qualificar essa produção. A nossa formação é em costura, mas vem acompanhada de desenvolvimento de produto, falamos sobre tecidos, cortes, enfim, todas as informações necessárias para trabalhar com moda. É uma formação de corte e costura em tecido plano, uma abertura de horizonte para quem tem interesse na área. Depois as pessoas podem se especializar em prêt-à-porter, vestidos de noiva, infantil, moda decoração, vestuário masculino, piloteira, supervisora de confecção, enfim. No curso a gente chama atenção para os nichos de mercado. E queremos que essas pessoas sejam multiplicadoras e monitoras também”, define Isabel.
O maior desafio para a Criolê é como criar um mercado para os produtos. O Centro de Qualificação é uma estratégia nesse sentido. “O nosso produto é muito bem aceito no mercado, mas ainda não conseguimos viver exclusivamente disso. O que proporciona renda são as capacitações, oficinas, formações que fazemos. O Centro é uma estratégia inclusive para garantir renda para os que estão aqui e querem continuar. Os desafios são muitos, e a Economia Solidária ainda não dá conta de tudo. Mas é transformadora”.
Fotos: Divulgação Criolê