O dia 20 de novembro é feriado no Brasil em 1260 cidades há 9 anos. E graças a luta do movimento negro e de combate ao racismo, a data ajuda a pautar as origens e os efeitos das estruturas que segregam nossa sociedade. A desigualdade de renda, a forma precária de acesso ao mercado de trabalho e os tipos de profissões que são mais ocupadas pelos negros são também formas perversas do racismo.
A economia solidária tem como foco principal a redução das desigualdades sociais a partir da divisão dos excedentes entre todos que trabalham em um empreendimento solidário. E o racismo é um dos principais elementos da produção e da reprodução das desigualdades no Brasil.
Dados do IBGE de 2019 apontam que a taxa de desemprego entre negros foi 71% maior do que entre brancos, e segundo o DIEESE, 73% das mais de 8 milhões de pessoas que perderam o emprego durante a pandemia eram negros, ou seja, 6,3 milhões. O relatório “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça Brasil” elaborado pelo IBGE também em 2019 aponta que dos 13,5 milhões de brasileiros que vivem em extrema pobreza, 10,1 milhões se declararam pretos ou pardos. Pretos e pardos correspondem a 64% dos desempregados e 66% dos subutilizados (que são os que não conseguem completar sua jornada de trabalho ou que não procurou emprego mas estava disponível para trabalhar).
Sabe-se que historicamente negros e negras sofreram e sofrem os mais diversos tipos de discriminações sociais e econômicas. O Brasil foi o último dos países da América a abolir a escravidão, nunca realizamos de fato uma reforma agrária e as políticas socioeconômicas elaboradas ao longo dos anos após a abolição nunca visaram inserir a população negra ex-escravizada sócio ou economicamente na sociedade, perpetuando assim as desigualdades já pré estabelecidas.
Mas o dia da Consciência Negra e a memória de Zumbi dos Palmares também são um momento de afirmação das políticas que ajudam a quebrar estes muros. Os diversos tipos de empreendimentos da economia solidária têm grande impacto na promoção da igualdade racial.
Cooperativas ou empresas que distribuem os lucros entre seus trabalhadores certamente produzem efeitos positivos maiores entre a população negra, especialmente entre jovens e mulheres negros. A economia solidária é também uma forma de gerar emprego de qualidade e renda digna entre os segmentos da sociedade que tem menor e pior acesso ao mercado de trabalho.
Relatório do IPEA de 2019 sobre os efeitos da economia solidária para as políticas de combate ao racismo, mostra como na Bahia a formação de empreendimentos dirigidos por negros tem sido desde 2014 parte central das políticas públicas do estado tanto para a geração de emprego quanto para a promoção da igualdade racial.
Disponibilizamos o relatório para download no link, e convidamos a todos e todas para fortalecer a luta da população negra, que ao fim e ao cabo, é a luta de todo o povo brasileiro.